QUATRO ESTAÇÕES
Quando vejo a chuva cair, eu penso que aqueles milhões de gotas que caem na terra, fecundando-a são como sinais da graça que Deus, Ele próprio, a cada instante, transmite e dá a conhecer a toda a criatura, a toda a criação.
É preciso não se esquecer da benção de cada estação, da benção que se manifesta em toda a natureza. A primavera segue-se ao inverno e o outono segue-se ao verão. Assim é com a natureza; assim acontece conosco, parte integrante desse mesmo todo.
Sentindo a proximidade do frio, as árvores perdem as folhas, assim como, na vida, experimentamos, também, perdas, à chegada de nosso outono. Entra-se na estação do frio, das longas noites e dos dias curtos. Noites e dias que, em nosso recolhimento, só Deus sabe avaliar. Com toda certeza, tão natural como sempre, vem o degelo. A´´os o frio, as flores. Assim é a primavera. Tempo de graça e alegria. O mundo canta. E encanta. O apgeu das estações chega no verão, para, logo em seguida, com o sopro do vento frio do norte, perderem as árvores sua folhagem.
Assim é nossa vida: assim são, como a natureza, nossas estações.
O significado pleno de toda a realidade da qual fazemos parte e, que ao mesmo tempo, nos envolve; a totalidade do que significa nossa vida e a própria vida; a razão de ser e os últimos porquês e de nossa existência e do próprio ato de existir, só compreenderemos em Deus, quando O conhecermos “tal qual somos conhecidos” (1Cor 13:12). Antes disso e por toda a vida, seguimos uma trilha e, por vezes, incertos até do próprio percurso.
Se a condição para conhecer a Deus é amar, conforme o diz João (Jô 4:7) entendo, então, que até por amor pode-se observar a Lei. Todavia, observância estrita de lei alguma conduz a Deus, senão pela via única de amar. E pronto. Mas, como amar deixa-nos sobremaneira vulneráveis, há quem prefira ao amor a observância de uma norma, por encontrar nela segurança, sentimento de dever cumprido. Só que aí Deus não estará.
(Airton Freire, em “TRÊS ESCRITOS”)
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