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domingo, 22 de maio de 2011

ALGUMAS RESPOSTAS SÓ VIRÃO NO FIM
Não conseguimos compreender quais “regras” se aplicam a um Deus que vive fora do tempo e assim mesmo penetra no tempo. Considere toda a confusão que cerca a palavra !presciência”. Deus sabia com antecedência que Jó permaneceria fiel a Ele e assim ganharia a aposta? Se sabia, como é que foi uma aposta de verdade? Ou que dizer das calamidades naturais da Terra? Se Deus sabe com antecedência sobre elas, não é Ele que deve levar a culpa? No nosso mundo, se uma pessoa sabe com antecedência que uma bomba irá explodir num carro estacionado e deixa de alertar as autoridades, tal pessoa é legalmente responsável. Portanto, será que Deus é “responsável” por tudo o que acontece, até mesmo tragédias, pois Ele sabe a respeito com antecedência?
Mas – e esta pode ser a principal mensagem subjacente à vigorosa fala de Deus a Jó (Jó 38 e 39) - não podemos aplicar nossas regras simplistas a Deus. A própria palavra presciência – pré ciência – denuncia oproblema, pois expressa o ponto de vista de alguém preso dentro do tempo. Deus não enxerga o tempo numa seqüência A-B. Na realidade, estritamente falando, Ele não nos “prevê” realizando coisas. Ele simplesmente nos vê fazendo-as, num eterno presente. E, quando tentamos imaginar o papel de Deus num determinado acontecimento, obrigatoriamente vemos as coisas “de baixo”, e julgamos Seu comportamento pelos frágeis padrões de uma moralidade contingente no tempo. Um dia poderemos ver problemas tais como “Deus provocou a queda daquele avião?” sob uma ótica bem diferente.
Fiz esta digressão pelos mistérios do tempo porque creio que não há qualquer outra resposta para a questão da injustiça. Não importa o quanto racionalizemos, algumas vezes Deus parece injusto desde a perspectiva de uma pessoa presa no tempo. Só no final dos tempos, depois de termos alcançado o ponto de vista de Deus, depois de todo mal ser punido ou perdoado, toda enfermidade ser curada, e todo o universo ser restaurado – só então reinará a justiça plena. Então compreenderemos que papel o mal, e a Queda, e a lei natural desempenham num acontecimento “injusto” como a morte de uma criança. Até lá não saberemos, e só podemos confiar num Deus que de fato sabe.
(Philip Yancey, em “DECEPCIONADO COM DEUS”)

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