O prazer representa um grande bem, mas também um grave perigo. Se começarmos a perseguir o prazer como um fim em si mesmo, podemos perder de vista no o Doador das coisas boas como o desejo sexual, as células sensitivas do paladar e a capacidade de apreciar a beleza. Nesse caso, como diz Eclesiastes, a devoção exagerada ao prazer paradoxalmente conduzirá a um estado de total desespero.
Eclesiastes insiste em dizer que até as pedras em que tropeçamos são boas em si. “Tudo fez formoso em seu tempo” (3:16). Mas, ao assumirmos um fardo para o qual não fomos feitos, transformamos nudez em pornografia, vinho em alcoolismo, comida em glutonaria e diversidade humana em racismo e preconceito. O desespero toma conta à medida que abusamos das boas dádivas de Deus; já não parecem dádivas, e muito menos boas.
Eclesiastes se mantém como uma grande obra de literatura e uma obra de grande verdade, porque apresenta os dois lados da vida neste planeta: a promessa de prazeres tão tentadora que podemos gastar a vida toda para alcançá-los, e também a descoberta de que estes prazeres no final das contas não nos satisfazem. No final, o Pregador de Eclesiastes admite que a vida não tem sentido sem Deus e nunca encontrará sentido pleno porque não somos Deus.
Se não reconhecermos os limites e não nos submetermos ao governo de Deus, se não confiarmos no Doador de todas as boas dádivas, vamos acabar num estado de desespero. Eclesiastes convida a aceitarmos nossos status de criaturas sob o domínio do Criador, algo que poucos de nós consegue sem ter de lutar.
“Assim como não sabes qual o caminho do vento, nem como se formou os ossos no ventre da que está grávida, também não sabes as obras de Deus que faz todas as coisas.” Ec 11:5
(Philip Yancey, em “A BÍBLIA QUE JESUS LIA””)
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