MONÓLOGO OU DIÁLOGO?
Deus fala comigo quando eu oro, eu falo com Ele ou nos falamos?
Escolher uma entre estas três possibilidades, na tentativa de explicar a oração, não é tarefa fácil. Se eu entender a oração como uma atitude espiritual para ouvir Deus, e não for cuidadoso, posso escorregar numa espécie de misticismo, normalmente basilar no que comumente se chama de meditação transcendental. Escolhendo outro caminho, se eu vir a oração como um recurso espiritual pelo qual Deus me ouve, e me descuidar, posso resvalar para uma espécie de catarse, onde o alívio que encontro resulta, tão somente, do que coloco para fora. Ao ver a oração como um diálogo, o perigo, se houver descuido, é colocar em xeque a afirmação antiga de que quando Deus me fala, o faz pela Palavra.
Possivelmente a oração esteja alocada entre as realidades inescrutáveis da vida. Há vezes quando só eu falo, outras quando só Deus fala e ainda há a possibilidade de acontecer o diálogo. Não posso ignorar, inclusive, nem a chance de tudo isso acontecer ao mesmo tempo, nem a de não conseguirmos identificar quando acontece cada uma dessas dimensões da oração.
Outra possibilidade é a oração transcender à minha capacidade de conceituá-la, entende-la e explicá-la. Preciso apenas deixar-me envolver pela extraordinária presença do Deus ausente.
Certamente estou ainda engatinhando na compreensão e na fruição da oração. Sem dúvida, preciso também aprender a praticá-la melhor e mais intensamente. Nesse sentido, sigo as pegadas de um dos discípulos de Jesus e peço: Ensina-me a orar! (Lucas 11.1).
(Lécio Dornas - Portal Prazer da Palavra)
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