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segunda-feira, 25 de julho de 2011

BLOCOS DE MÁRMORE
A história é mais ou menos assim: um admirador procurou Michelângelo e perguntou a ele como havia esculpido a famosa estátua de Davi que hoje pode ser encontrada na Galleria Accademia, na cidade de Florença, na Itália. Como foi que ele criou aquela obra prima de forma e beleza? Em que estava pensando? Como foi que trabalhou com a pedra de modo a produzir uma figura humana tão extraordinária?
Michelângelo respondeu com essa descrição tão simples quanto contundente. Primeiro, o artista fixou sua atenção no bloco de mármore ainda não trabalhado. Ele o estudou, fez alguns rascunhos com lápis sobre a pedra e, em seguida, cortou “tudo o que não era Davi”.
O admirador ficou impressionado e pediu que o artista prosseguisse. Então Michelângelo ofereceu esta explicação: “Em todo bloco de mármore vejo uma estátua como se ela estivesse de pé diante de mim, já formada e perfeita em atitude e ação. só tenho de desbastar as paredes rudes que aprisionam a bela figura e revelá-la aos outros olhos que não podem vê-la”.
Ele discerniu, presa dentro do bloco rígido, uma beleza que tinha de ser libertada. Assim, trabalhou com toda a genialidade e persistência que podia reunir. Desde então, o que surgiu da pedra tem admirado e fascinado os espectadores. Há quem considere a estátua de Davi a maior escultura já criada.
Michelângelo desvendou a beleza através daquilo que removeu. Ele dominava a arte da negação. Ele criou por meio do poder do “não”.
Acho que não costumo tomar muito cuidado com a necessidade de eliminar os excessos de minha vida. Não tiro as sobras para chegar ao que é essencial e crucial para mim. Pelo contrário, eu acumulo. E diferentemente do mármore, as pessoas têm a opção de juntar mais e mais blocos de matéria informe à vida cotidiana. Ficamos olhando para aquele bloco de mármore rude, paralisados diante das tarefas que se impõem. E, para complicar ainda mais, vivemos cercados por uma cultura que oferece possibilidades quase incontáveis. Assim, paralisados pela multiplicidade de escolhas, não conseguimos decidir onde devemos começar a desbastar. Comprometer-se — trabalhar na pedra — significa dizer “não” à grande maioria dessas possibilidades sedutoras. As alternativas parecem não ter fim, e estabelecer limites não passa de mera sugestão. Como consequência, vários de nós permanecemos sem forma. Muitos nunca encontramos a vida de beleza, excelência e sucesso que nos aguarda.
A história de Michelângelo nos conduz a algumas reflexões sobre o poder do “não” e como esculpir nossa vida com o objetivo de alcançar o verdadeiro sucesso. Como o grande artista afirmou, “quanto mais o mármore se gasta, mais a estátua aparece. Até que ponto também podemos considerar-nos blocos de mármore rígido? será que alcançamos sucesso na busca por excelência? será que o perseguimos com a devida perseverança? Existe um “você” ou um “eu” escondido em uma vida informe, esperando para ser libertado? Estamos aprisionados pelos “nãos” que ainda não dissemos?
Você está permitindo que Deus, o Criador e Recriador, transforme sua vida, esculpindo-a e moldando-a? Eis a grande questão, a grande pergunta, o grande desafio. A grande saída.
(Greg Cootsona, em “APRENDA A DIZER NÃO”)

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