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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

APRENDENDO A ANDAR
O inimigo de nossas almas tenciona apenas nos transformar num gado que finalmente poderá ser transformado em comida; Deus quer servos que finalmente poderão tornar-se filhos. O inimigo quer sugar-nos, Deus quer nos fortalecer. Satanás é vazio, por isso quer ser preenchido; Deus está repleto e transborda. O objetivo do mal é absorver os outros seres nele mesmo; Deus quer um mundo repleto de seres unidos a Ele e ainda assim distintos.
Sempre paira uma pergunta no ar – por que Deus não utiliza os Seus poderes para estar presente de modo perceptível para as almas humanas, com a intensidade que Ele escolher e sempre que desejar? O que ocorre é que o Irresistível e o Indisputável são duas armas que a própria natureza do Seu desígnio O impede de usar. Para Ele, de nada valeria simplesmente neutralizar a vontade humana (o que certamente aconteceria se Ele nos fizesse sentir a Sua presença, mesmo do modo mais débil e suave possível). Ele não pode nos violentar; pode apenas nos cortejar. Pois Sua idéia é ter ao mesmo tempo duas coisas: nós devemos ser Um com Ele, e ainda assim pessoas diversos. De nada Lhe serve simplesmente nos anular ou nos assimilar. Ele está disposto a nos guiar um pouco no começo. Inicialmente, nos dá mensagens da Sua presença que, mesmo esmaecidas, são para nós grandiosas, repletas de grande candura. Mas Ele não permite que este estado de coisas dure infinitamente. Cedo ou tarde Ele “retira” todo o Seu apoio e incentivo – se não de fato, pelo menos da nossa experiência consciente. Ele nos deixa andar com nossas próprias pernas – Durante estes períodos de tribulação, bem mais do que nos períodos de pico, é que nós começamos a nos transformar naquilo que Ele quer que sejamos. É por isso que as preces feitas num estado de aridez são as que mais Lhe agradam.
O mal pode nos arrastar continuamente, tentando-nos constantemente, porque satanás nos concebe apenas como alimento e quanto mais puder atrapalhar nossa força de vontade, melhor. Deus não pode nos “tentar” para a virtude, assim como o diabo nos tenta para a perversão. Deus quer que aprendamos a andar e, portanto, em certos momentos não nos oferece a Sua mão, se nossa vontade de andar for genuína, Ele se “satisfaz” até mesmo com nossos tombos. Nunca os intuitos das trevas correm tanto perigo quando um ser humano não desejando mais, mas ainda assim tencionando fazer a vontade de Deus, perscruta um universo do qual Ele parece ter desaparecido sem deixar rastro, se pergunta por que foi abandonado, e ainda assim obedece.
(C. S. Lewis, em “CARTAS DE UM DIABO A SEU APRENDIZ”)

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